A Lapa é a energia do reduto de onde ecoou o verdadeiro grito surdo daqueles que mesmo se gritassem alto, não seriam ouvidos.
É uma energia, densa, pesada. Muita gente vagando, sem um prumo, sem guia. A rua se torna um grande terreiro de esperança e milagres para os excluídos. Os gays, os trans, os pretos que foram jogados nas ruas após a abolição da escravatura. Ali se amontoa hipoteticamente os desesperados e os que se alimentam destas energias.
Junta-se alcoólatras, drogados, "dealers", prostitutas e os sem teto que não têm suporte algum e o que lhes resta é implorar aos turistas alguns trocados para seus vícios.
Fugas que amenizam as dores de uma vida invisível.
Com a vinda dos gringos, a exclusão tornou-se algo turístico. Nossas crenças sincréticas foram "gourmetizadas" em troca de toalhinhas souvenirs Made in China explorando a ancestralidade de um país que a cada dia que passa está deixando de ser laico.
Laico apenas na Constituição, embora em cada sala do Forum há um cristo pendurado em uma cruz atrás de cada mesa de juiz, procurador ou defensor.
Por um ponto de vista, a Lapa é resistência de uma macumba nascida carioca, a história contada em cada opressão, esperança, dança, luta, miséria e crenças além de um além.Por outro, apenas um enorme show gourmetizado para inglês ver, afinal os ritmos são lindos.
O kardecismo tentou embranquecer a umbanda mas ela se encontra nas encruzilhadas aonde a branquitude
pouco pára.
As falanges telúricas cumprem um papel em aconselhar, curar. Os espíritos desencarnados necessitam beber, fumar, dançar, gargalhar, cuspir.São espíritos que vibram com a energia das ruas boêmias.Não me cabe acreditar, afinal sou uma filha de todas as misturas e criada com todas as religiões.Não me importa tentar entender já que a teoria não é a prática, ali e aqui
me cabe observar. Laroyê seu Zé!
Dedicado a Bertrand e Aureliane.
Que tenham uma boa viagem!
Laroyê seu Zé!
Dedicado a Bertrand e Aureliane.
Melhor escrever do que falar rs :)