sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

NÚMERO CONFIDENCIAL


Studio Manasse


Ela Tenta retomar aos poucos sua vida. Esteve presa durante anos em uma redoma...
uma redoma de vidro que conseguiu quebrar ...sim está cortada!
Toda cortada e sangrando, contudo sente alívio.
Sabe que agora poderá fazer o que quiser...
passear, convidar amigos para jantar em casa,
ter uma vida normal sem ser perseguida ou intimada a interrogatórios do “DOI-CODI”.
Livre está e se sente livre pensa ela!
Ingenuamente começa a viver novamente e ser um ser com várias questões reais a solucionar...
de fato se sentia meio "Atlas", o deus grego que segura o mundo nas costas...
São onze e meia da noite, e o celular começa a tocar...
Número confidencial, supra covardia ela pensa! Sua respiração começa a mudar.
Começa a suar, lembra-se que não é fugitiva mas seu cérebro não assimila essa informação...
Pensa no medo, nas discussões, nas ameaça e nos xingamentos que por anos aturou...
chora , começa a ter enxaqueca e os amigos que estão perto a consola...
Ela desliga por um tempo o celular.
Se desconecta do mundo e isso a faz ficar um pouco melhor.
O ser humano é sobre tudo um animal.“Bicho homem” e ela tem pressentimentos que isso não vai acabar bem.
Fareja o perigo da vigia, a obsessão, lembra de momentos terríveis que já passou e tenta enterrar os seus pensamentos mais obscuros. É necessário continuar sua existência.
Ela se afasta dos amigos para poupá-los como uma loba se esconde de um predador se afastando da alcatéia...
liga o celular de novo, faz um teste e o celular as duas da manhã, volta a tocar várias vezes e ela diz “alô”
e ninguém responde.Desligam na cara...
ela quase desmaia sente que o predador “incutiu um GPS em sua nuca” antes de deixá-la ir depois da redoma partida...
o pânico toma conta de seu sangue.
Ela desliga o celular de novo e ouve de um amigo “calma e qualquer coisa liga pra gente”.
Ela respira, respira, mas seu coração bate rápido. Fareja algo estranho no ar.
Uma tragédia está prestes a acontecer... seu corpo não obedece mais
os mandamentos de seu cérebro.
Abatida chora.
Aos prantos toma um banho no escuro, toma um chá no escuro,
pois suas janelas dão para rua e ele não pode saber que ela está...
o medo a cerca 24 horas por dia e as ameaças veladas são contínuas...
Ela reza e tenta retomar a sanidade. Fica um tempo no escuro em posição fetal e depois pensa em ligar e pedir “Pare por Jesus, Maria, José! Não o faz, pois a chamada é confidencial.
Mais uma vez ela não tem como provar e sabe que por não ser filha de desembargador
ou algo assim nenhum juiz vai lhe dar quebra de sigilo de seu número telefônico para descobrir quem a tortura mentalmente... no fundo ela sabe.
Ela sabe e tenta não pensar no pior... no ódio de minutos que de repente pode aflorar do ser que a prendeu na redoma e que pode ter um desfecho muito ruim e que todos que a cercam na verdade temem. Tantos a avisaram...
ela agora só espera a libertação,
o encontro com seus pais e espera ansiosa a redenção...
S.F.



Um comentário:

  1. puxa me identifiquei pra caramba com seu rtexto, me adicione no msn netiinho@live.com

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