
Elena Kalis
Ela sempre gostara do mar.
O mar era o seu amado, o seu lar permanente.
Refúgio sagrado.
Templo sólido com estrelas
e algodões macios à abençoa-la.
O amor em forma de líquido e sal.
Satisfazia-se mergulhando.
Era sereia nadando em um universo só dela.
Cabalístico e protetor este oceano misterioso...
ela resignava-se aos humores do mar e respeitava ao âmago.
Respeitava todos os Deuses que lá habitavam.
Ela se desligava de tudo,
e os via no mar a habitar
e a brincar.
Pareciam piões estelares rodopiando nas ondas azuis,
nas ondas verdes,nas ondas caldo de cana...
tão instável este meu amante feito do sal!
Ela amava boiar e fechar os olhos!
Ahhh ali era o ventre,a mãe!
E ela necessitava ficar em posição fetal boiando.
Ali ela conseguia sentir todo o poder da natureza.
Era capaz de ouvir todo um ecossistema.
No fundo a tal senhora sabia que fazia parte daqueles seres.
Ela era azul aos outros.
Peixe raro de guelras omissas.
A sua pele sentia falta do iodo,
da vida e de tudo que lhe trazia a supra felicidade.
Um dia, um belo dia, ela conheceu alguém que mudaria a sua vida.
Um ser nefasto que a faria odiar o que ela mais amava na vida.
exatamente o mar, o azul, o oceano e a sua força...
ele veio com o intuito de mudá-la,
de transformá-la e matá-la.
Ele está conseguindo.
Aos poucos está...
hoje em dia, a triste senhora não mais consegue olhar o horizonte!
Quando ela pisa na areia os seus pés sangram.
Sangram gotículas de lágrimas presas em forma de facas.
É o incomensurável ódio que sente pelo demônio do outro continente.
E na beira d'água ela enxerga o nada.O vazio.
Ela é capaz de escutar as ondas quebrando na areia e se desespera.
Tudo ficou invisível à sua alma.
Não que não esteja lá.
Está!Mas ela não vê!
Quando ela tenta colocar os pés na água ela treme
e desanda a chorar.
Ela desabou que nem castelo de areia...
tudo desabou, secou e o vento levou para longe a areia da tal sereia.
Paf!Paf!Assim.
Ele veio para desmontá-la,
para retirar a única coisa que lhe dava vida!
O local de encontro foi escolhido de forma fria e calculado.
Ele escolheu o lugar que ela mais amava.
Este local antes idolatrado,
tornou-se agora, um signo da abominação
e de seu espírito egoísta
e vil.
Ela jamais entenderá o que ele ganhara com isto.
Ele tinha consciência
e ciência para manipular e exterminar.
Parabéns ao capturador de imagens!
Ela não mais ama o mar.
Ela não ama mais nada!
Mil parabéns!
S.F.
Christian Schloe

Nenhum comentário:
Postar um comentário