me by me S.F.
E foi mais ou menos assim...
Oráculo dos desejos e desgraças de uma amante ponte aérea
que sempre será.
Incapaz de esquecer para não lembrar.
Objeto de aposta ali disposta sobre a sua intragável
e ácida crise de humanidade,
crise de terceira idade.
A sua memória e a sua existência na Terra se tornaram tão intragáveis
como um gole de um copo inteiro de conhaque de alcatrão .
A sua persistência em viver era o arder no peito da moça.
O Crepúsculo da virilidade lhe abatia e a idade o perturbava...
o seu vazio insistia em lhe espancar: puta camarada ôco n'alma.
Ele era atormentado pela sua própria pobreza de espírito e
com toda vivência e sapiência havia tornado-se um homem perverso.
Uma alma sonâmbula a vagar pelo limbo e a colecionar conquistas.
Pobres gurias sonhadoras: targets de jogos feitos para apenas preencher
o seu ego.
Não tratava-se de um vira-latas, mas sim de um vira-nada,
modalidade esta crescente entre homens
que tornam-se aos seus olhos com a idade,
cansados de si mesmos.
A reação era tenebrosa e egoísta.
Era devastador para quem se envolvia ...
foi uma história permeada de lembranças remendadas:
uma colcha patchwork.
Frases que havia lido em pára-choques de caminhão eram utilizadas
para que ele de alguma forma começasse um roteiro em sua própria mente.
E lá construía-se a derrocada mentira.
Apenas lá e somente lá mesmo...
Ele era o personagem de mil scripts mal interpretados
e sempre inacabados.
E sempre seria assim:um ser orgulhosamente torto e errôneo.
Egoísta à vista a pisotear em quem consentisse.
Um vampiro a se alimentar de deslizes e a
usar conscientemente máscaras de Wilde,Bucowsky,
Kafka,Castaneda e Jung para as suas triviais conquistas...
um dia, ele disse que a tinha aprisionado para lhe fazer contente.
Ela achou graça de seus devaneios, sorriu e acatou.
Fingiu que entendeu mas nunca conseguiu entender
ou acompanhar aquele script.
Nunca se sentiu contente aliás...
enquanto isto,ele comia letrinhas em forma de sentimentos provocados.
Um homem maduro e tolo que no fundo tinha medo de envolver-se.
Ela era a espectadora consciente de um embuste.
A curiosidade quase a destruiu
e o amor em forma de respeito a fez nunca odiá-lo...
ela não era capaz de odiar um ser lúdico por mais que
este fosse o egoísmo esculpido lhe destruindo propositalmente dia a dia.
A natureza daquela mulher não era odiar e sim eternamente perdoar...
S.F.
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Music box " la Valse d'Amelie"
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