sexta-feira, 25 de abril de 2014

Rio Dicotômico de Janeiro



  • PH: Marcello Molinari

Rio Dicotômico de Janeiro .
Apartheid social e moral,
aqueles que um dia foram pobres
e enriqueceram fazem questão de permanecer cegos
e felizes??
Tiram fotos do mar e mostram as gengivas num bravo gesto de
alegria.
A felicidade é para os fracos nestas terras. 
Cada fotinho do mar que se tira hoje em dia,
é um cuspe na face naqueles que sofrem.
É uma pá de cal nos olhos daqueles que desejam acordar
e enxergar.
A foto de uma praia feliz nas fuças de tantas pessoas agonizando
é a cumplicidade com o Estado.
Mãos dadas com o soldado.
Estão ajudando a divulgar de graça um lugar de mentira.
Não entendo a dicotomia desta cidade.
Não entendo como alguém pode querer impôr um ar de felicidade.
Todos estão de saco cheio e com medo.
Eu jamais entenderei aquele que um dia já foi pobre
e esquece de seu sofrimento.
Vira sangue azul royal blue.
Furacão infinito.
Povo esquisito.
Povo egoísta sem união.
Erramos em sermos sós no meio de uma multidão.
Somos.
Cá ri ôcos.
Eu jamais entenderei o ex pobre
que esquece de seu sofrimento.
Fermento no meio do tormento.
Talvez minha cidade seja mais do que dicotômica.
Rio de janeiro espremido e consumido,
você é uma farsa incrustada entre o mar e os morros.
Rio maravilha,Babilônia,guerra,paz
mergulhos e explosões.
Sol e chuva,
e na atualidade milhares de viúvas.
Inferno e Paraíso.
Cidade na fase terminal.
Está lá na UTI coberta com o óleo do pré-sal.
Mitomania e esquizofrenia.
Zuenir,continua o teu livro.
Mudamos e jamais seremos os mesmos,
nem eles e nem nós...
continua o teu estudo que há muito disse tudo.
Perdemos a genoa,o rumo, o prumo,a proa.
O nosso barco afundou.
Arca de Noé cheia de Manés.
Nadamos agora em um abismo de lágrimas induzidas.
Perdemos totalmente a ingenuidade,
jamais voltaremos a ser aquela antiga cidade.
S.F.











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