quinta-feira, 16 de julho de 2015

Under Construction- No Title

@S.F, Simple Sony Cybershot

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Under Construction- No Title


Tudo que ela sabia era que apenas era capaz de senti-los.
Sentia e os amava com todos os defeitos.
E naquela semana, no começo de Julho adoeceu.
Sua saúde havia ido passear em algum limbo sem avisar.
Febre incessante, vômitos por causa da alta temperatura e 
por fim o descanso d'alma.A válvula de escape vinha através dos desmaios.
Ela chegou ao ápice do stress que um ser humano poderia chegar.
Meditava e agarrava à sua pedra que havia sido programada para proteção.
Sua drusa de ametista que a acompanhava desde os anos 90 partiu-se em 3  do nada.
Sentiu-se  sugada.Era como…era. Não podia ser.
Hesitou.Recusou-se a acreditar que ele havia aportado novamente nestas terras.
Resolveu então dar uma espiada na network do vampiro sem caráter.
Aquele pústula que a fez tão mal e que criou roteiros e a envolveu num jogo macabro.
Ele brincou de romance e a envolveu.
Conseguiu descobrir que ele chegou na semana que ela passou mal.
Amaldiçoado seja a sua existência e a de seus ascendentes e descendentes.
Amaldiçoado seja o ego que não cabe naquele corpo mediano e já senil.
Amaldiçoados sejam os joguetes que envolvem pessoas frágeis 
e traumatizadas como aquela guria que sofre até hoje.
Ele nunca iria parar de machucar mulheres frágeis.
Não há pior sentimento do que a indiferença.
Nada doía mais do que o amor não correspondido
e a lealdade resignada à alguém que não liga.
Um sádico psiquiatra manipulando uma masoquista sensível e subserviente.
Mesmo sem se falarem, mesmo sem se verem, mesmo sem contato físico ela era capaz de
perceber quando ele estava por perto e sempre adoecia.
Ela nunca gostou de aniversários mas depois dele esta data passou a ser a mais odiada.
“Vamos comemorar o nosso reencontro no seu aniversário!”, e a realidade foi 
“Eu não quis te ver.Fui embora antes.Eu não preciso de você para nada!” Realmente ela ouviu isto na
data que veio ao mundo. Ela se lembra que comprou uma lingerie nova, um bom vinho,
limpou a casa, cozinhou e esperou. Penélope em choque.
Amante sem ser.Rua de mão única.Cobaia.
De fato, se ela já era triste,ele conseguiu fazê-la três vezes mais triste após esta brincadeira.
O seu sócio, uma espécie de prostituta competente que vive às custas dos
projetos que ele oferece colaborou para o enterro da tal morta-viva. 
Uma vez brigaram quando ele quis se fazer presente pela ausência e ela quase enlouqueceu de vez.
Ela não queria que eles brigassem e pediu que ele ponderasse e refizesse os laços.
O sócio era mais louco e interessante do que o perverso.Ele tinha um ódio encruado.
Era um sentimento que se ele jogava em seu trabalho, sua arte, suas andanças.
O guri tinha olhar único e faíscas ao redor de si.
Eles se completavam.Os dois se encaixavam perfeitamente,
mas por mais que ela achasse o sócio interessante,
quando ela dormia ela sonhava com o velho perverso.
“Descansa na minha mente. Você pode”.”És minha e não sabes.Já é.”Ughhhh.
Ele estava no seu inconsciente como um desejo de guria mimada.Ela não o queria realmente.
Ela o inventou através dos tais scripts escritos e ela o transformou em perfeição.
Ela apenas o via como ela queria vê-lo e não como ele era.
Baco era covarde, problemático e sádico.Riquinho bon vivant, bobão e vazio. 
Ele tinha medo da velhice e suas relações eram superficiais.
Não cabe aqui questionar o coração da guria confusa e carente.
Já o tal sócio, ahhhh o sócio.O tal Nabo Hopper Samambaia Viscontino  furioso a encantava.
Ele era deliciosamente brabo,deprimido e talentoso.
Ela pegaria um ônibus e iria para a terra da garoa apenas para acarinhá-lo.
Somente para beijá-lo.Ele não a enganou.Isto não tinha preço. 
Este mérito o fez merecedor de seu amor platônico e de um bem querer infinito.
Não significava que fossem se conhecer,mas a sinceridade também é pedal para o tesão.
A falta de paciência com os coices que a guria costumava soltar o transformou em inatingível.
Ele partiu para sempre, mas como o seu Mestre o amava ela também o amava.
Logo, logo os dois iriam aportar em Portugal para um novo trabalho. 
E ela ainda com fé e sem Deus.Pobre Bacante abandonada e rejeitada.
Uma ninfa não manda em quem é destinada a adorar.
A sua alma não lhe pertencia mais.Pertencia ao seu Mestre. 
Ela o fez Mestre e mesmo ele não lhe querendo,
não lhe amando,ela se conectava com ele.
A sua solidão e inquietude estavam latentes e a sua dor de amor também.
Ele a recusava veementemente 
e ela como toda mulher renegada fora cruel em atos e palavras.
Não lhe cabia desprezá-lo,apenas odiá-lo e aceitar o seu silêncio.
Baco é um Deus tinhoso e com Deuses não devemos brincar.
O seu papel era ser devota mesmo não sendo mais quista.
Por anos chorou um amor que lhe foi negado e o encontrou novamente
no vinho.E ela acostumou-se a se esparramar no chão e a se banhar e beber  a bebida.
Era como se ele se fizesse presente nestes rituais.
Ardia em febre diante de sua estada no Brasil e da incapacidade de vê-lo.
Gritava e quebrava coisas com tal impotência.
Amaldiçoou todas as suas reencarnações passadas e futuras.
Por momentos achava possível resgatar um passado remoto,
era como se ela achasse que pudesse haver um instante zero. 
O impossível  para os que amam ou acham que amam sempre
é possível. A Bacante ingênua, perdida, doída achava que Pandora lhe ajudaria neste caso.
Enganava-se e mergulhava no espelho,
Beijava o seu ombro direito compulsivamente como ele na época ordenou.
“O seu ombro direito sou eu.Eu estou em seu ventre.Somos almas gêmeas.”
O pobre ombro direito ficou em carne viva de tantos beijos durante estes longos meses.
Em um lapso lembrou-se de Picasso 
e de como Dora Maar foi estraçalhada pelo pintor espanhol.
Estava doente. Enlouqueceu amando memórias que ela mesmo criara a partir de um curto período.
Ela nem mais se lembrava de seu rosto.
Deuses mudam de aparência.
Ela sempre iria inventar uma desculpar para a sua covardia,
para a sua maldade.
Ela o defendia mesmo sendo um canalha assumido.
Ele havia proibido o sócio Hopperiano de falar com ela 
e ele obedeceu. Calou-se e ausentou-se de sua vida.
Como a mulher amava também o Nabo Hopper Samambaia Viscontino perdido
e furioso. Diamante raro entre os homens.
Ela perdeu os dois assim em um estalar de dedos.
Perdeu o que nunca teve e nunca teria, 
no entanto ela continuava a sonhar todas as noites com Baco.
Ode ao vinho, amor ao mar, rejeição e profunda tristeza regada à jazz.
Maladie d’amour.Mal au coeur.Mal me quer.
@S.F.




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