quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Pedaço de ilusão tóxica.

Francesca Woodman

Decidiu se apegar a um pedaço de ilusão. Volúveis mas agradáveis. Preparava a casa em extenso ritual. Queimava ervas e fazia limpeza astral no ambiente. Cozinhava e ali, em silêncio depositava os seus sentimentos e ansiedades. Fez de seu lar um agradável pouso.
Não enxergava a desconexão.
Ela insistia se tapeando. Conseguia amar inclusive seus defeitos. Ele não sorria mais, seus olhos não fitavam os dela. Ela foi Sísifo tentando não perder o que não era possível resgatar:
o devaneio da amizade infinita. No fundo nunca foram amigos.
Percebeu que ele no fim da relação chegava arrastando correntes. Uma personalidade macambúzia o arrebatou. Um dia, saiu pela porta e sumiu no meio da fumaça. Tudo lá fora era cinza.Cena de filme noir. Escutava-se as correntes ao longe. Saiu à francesa para sempre. Desejou-lhe por telepatia boa sorte.

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