sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Cumulus Nimbus




Cumulus Nimbus

Em menos de 24 horas e amanhecemos num clima 1964,
é o que todos dizem.
Parece que o dia que amanheceu claro e lindo,
simplesmente fechou.
À medida que eu ia lendo as notícias de jornal eu comecei a
perceber a tristeza, o calar e o pesar de cada um que luta ou lutou
por uma causa ou que simplesmente aplaude os que lutam.
Há um silêncio rarefeito,
olhares desconfiados nas ruas...
a cada toque ou gesto de algum transeunte,
um carro escuro que passa,
um homem estranho em nosso caminho,
já é motivo para nos fecharmos.
É a clausura. O Estado de sítio emocional
antes que venha o de fato e ordem.
Um estampido de cano de descarga
e já vê-se algumas pessoas mais assustadas.
Mãos no coração, trauma de guerra.
Infinita tristeza,incompreensível agressão.
Absurdas detenções e abusos infinitos...
parece que há um cumulus nimbus social.
Um tipo "que foda Constituição,
que se foda direitos humanos,
que se foda! Olha os patrocinadores!" vindo por parte do Governo e quando digo Governo,
eu sou obrigada a citar os três Governos...
inspiro fundo para conseguir tentar preencher os meus pulmões de ar e respirar.
Eu me sinto em apnéia, sinto os meus companheiros sem chão
Sinto, mas eu não vou desmoronar até porque seria impossível.
Daí eu lembro o que aconteceu comigo,
e lembro que é necessário esquecer e resistir.
E eu vou repetir o que já disse, nossos governantes estão unindo a Sociedade através da dor.
Através da dor estamos descobrindo o amor,a solidariedade...
Nossa cidade está estranha,
ela agora é apenas um Rio de agressões,
um Rio de lutas.
Nossa cidade chama-se Janeiro porque o Rio há muito secou,
sumiu que nem as tais 6 vigas de 20 toneladas...
S.F.

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