quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Déjà vu



Boneca de Marina Bychkova

Déjà vu
E foi exatamente assim:
após muitos anos de um relacionamento que mais parecia uma prisão,
ela acordou, olhou para a cara Apolínena dele e correu para o banheiro.
Ela simplesmente correu para o banheiro e lá permaneceu e
se lembrou que era sempre assim:
"Vamos sair?" A resposta era " a rua é suja, tem ratos e baratas"...
ela sabia que a resposta seria esta mas insistia.
ela o olhou e sentiu ânsia e enjôo ao vê-lo ali estendido ao seu lado.
Era cedo, muito cedo. Eram 7:30 da manhã.
Naquele momento, naquele instante ali sem saber o por quê de ali estar
naquele quarto, naquele conforto, naquele ar condicionado
e ao lado daquele menino que muito a desgastou e também muito a sufocou...
não. Ele não era mau, mas não conseguia perceber o mal que a fazia...
ela era uma "passarão" de longas pernas em gaiola de canário belga:
e estavam agora atrofiadas...
era uma totó, uma princesa de pele de porcelana que um dia caiu da mesa e ficou craquelada em corpo e alma...
tudo aquilo se passou às 7:30 da manhã em um momento notório de déjà vu...
ele perguntou "o que foi?" e ela assustada respondeu "nada, nada"...
ela esperou ele dormir e rezou para Hipnos a ajudar na empreitada...
ele teria que dormir, pois costumava colocar uma trava que fazia barulho na porta,
e ele dormiu profundamente naquela manhã de sol...
ali naquele momento ela conseguiu a sua liberdade,
foi naquele dia que ela saiu por aquela fatídica porta e nunca mais retornou.
Ela estava enfim livre!
S.F.

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